Acordando com um Déjà Vu Econômico
Ah, Brasil! Terra de encantos mil e da esperteza contábil. Mais uma vez, o governo federal optou pelo caminho da preguiça fiscal, um fenômeno mais conhecido como “vamos buscar receitas extraordinárias e ver o que acontece”. Em um cenário digno de repetição infinita, o governo usou a mesma estratégia para fechar as contas — igualzinho ao que fez no ano anterior. A criatividade fiscal não é o forte deste governo, mas pelo menos eles estão consistentes!
Receitas Extraordinárias: A Solução Mágica
Para quem ainda não está familiarizado com esse jargão mágico, receitas extraordinárias são como aqueles trocados que encontramos no bolso do casaco velho. Não estavam previstos, mas, ufa, salvaram o dia! Esses recursos não fazem parte da arrecadação regular, e vêm de tudo quanto é lugar: leilões de petróleo, venda de ativos, concessões de rodovias. Basicamente, tudo que dá pra vender sem ter que vender a alma — porque esta, ao que parece, já foi hipotecada há tempos.
Nesta semana, os guardiões do Tesouro, os Ministérios da Fazenda e do Planejamento, anunciaram a liberação de deliciosos R$ 20,6 bilhões para 2025, baseando-se, principalmente, naquelas receitas relâmpagos do petróleo. Enquanto isso, a famigerada agenda de reformas estruturais segue a passos de tartaruga sonolenta.
Corta? Só com Tesoura Cega!
O governo enfrenta uma muralha aparentemente impenetrável quando se trata de cortar gastos. As despesas obrigatórias são a vaca sagrada do orçamento, intocáveis sem a bênção do Congresso. Esses gastos, que incluem tudo, desde aposentadorias até transferências para estados, são garantidos por lei, um verdadeiro campo minado para os aspirantes a economistas do governo.
O resultado? Bem, a dependência de receitas extraordinárias continua, como aquela dieta que nunca começa porque sempre aparece aquele aniversário com bolo de chocolate pela frente.
Uma Agenda Reformista que Só Engatinha
Nos bastidores do poder, pipocam discussões sobre a necessidade urgente de reformas. Até agora, promessas foram feitas para conter os supersalários dos servidores e mexer na previdência dos militares, mas a eficácia dessas propostas está para ser avaliada pela resistência não tão silenciosa do Legislativo.
Rafaela Vitoria, economista-chefe do banco Inter, e Jeferson Bittencourt, ex-secretário do Tesouro Nacional, foram claros: a solução não está só em gastar mais. Flávio Roscoe, da FIEMG, alerta que gastar descontroladamente não é sustentável — e quem pode culpá-lo por estar certo?
O Futuro (Não Tão) Brilhante
Para 2024 e além, as metas fiscais ainda nos reservam um bom desafio. O plano era compacto — zerar o déficit público. Contudo, com essa tendência heroica de ajustes sem reformas, começamos a ver que 0,25% do PIB ainda pode ser só uma miragem no deserto fiscal.
Então, ficam as perguntas: será que um dia vamos ver um ajuste real nas contas públicas brasileiras que não dependa de um golpe de sorte digna de histórias de ficção? Ou será que continuaremos a ver esse festival de receitas extraordinárias como episódio central de um sitcom econômico sem fim? A única certeza é que, nesse ritmo, a realidade fiscal do Brasil seguirá nos oferecendo a cada ano uma repetição de piadas que talvez só economistas sejam capazes de amar.
E com isso, vamos fechando mais um capítulo dessa novela absurda, onde a palavra “ajuste” tem menos força que um grito em um show de heavy metal. Até a próxima, Brasil!